"Um país normal tinha três centros de alto rendimento"

O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) considera que as quase duas dezenas de Centros de Alto Rendimento (CAR) existentes em Portugal foram investimentos mal conduzidos e são "bem o exemplo infeliz do país".
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"Um país normal tinha três centros de alto rendimento multidisciplinares, um no norte, um no centro e um no sul, com todas as valências", disse Vicente Moura, em entrevista à agência Lusa.

Quase a terminar o seu quarto mandato consecutivo e em vésperas de ceder o cargo nas eleições de março, o presidente do COP considera que os CAR são necessários, mas entende que o número é a exagerado e o modelo não é o ideal.

No entanto, Vicente Moura defende que "agora que eles existem é necessário pô-los a funcionar, porque o dinheiro está gasto".

Vicente Moura lamenta que não sejam conhecidos os critérios que deram origem à construção dos centros de alto rendimento, e que não tenha sido estudada a sua forma de gestão.

"Não se conhece o critério que conduziu à construção destes 17 centros de alto rendimento, tenho a sensação de que neste momento até já são mais. Não se conhece os critérios por modalidade, não se compreende a razão pela qual, quando se criaram os CAR, não se estudou logo qual era a sua forma de gestão", disse.

O dirigente admite que os CAR, maioritariamente construídos na legislatura anterior, no governo PS, são "um problema grave", sobretudo no que respeita à forma de gestão, mas considera que seria "um crime de lesa pátria começar a fechá-los".

"Isto faz-me lembrar um pouco os estádios que fizemos para o Euro2004. E quando ouço dizer que temos de fazer implodir o estádio de Aveiro, isto é a mesma coisa: será que vamos ter que implodir os centros de alto rendimento?", questiona.

O presidente do COP considera que se tal suceder comprova algo que tem vindo a dizer há muito tempo: "Os governos sucessivos da área do desporto têm navegado à vista".

O atual governo definiu um modelo de gestão dos CAR centralizado na Fundação do Desporto, que será aliado a um mecanismo de gestão local que junta câmaras, federações, comités olímpico e paralímpico, o tecido empresarial e universidades.

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